quarta-feira, 16 de abril de 2008

Copos - fragmentos de uma carta

Em dois tons distintos de verde, o relógio me informa do tempo que passa, insípido e cruel. [...] 
Sabe como vejo nossos atos? Como copos: alguns rasos, outros longos, simples ou de belos adornos. 
Em cada um deles contida está sua própria conseqüência. Então nos deixamos seduzir pela fragilidade de seu cristal ou a beleza de suas gravuras e perdemos o foco. Bebemos tantas vezes o que nos amarga. Mas, cedo ou tarde [lá vem o tempo de novo a condicionar nossas vidas a amarras tão curtas!], passa o gosto de que tivemos aos lábios e predomina talvez - e novamente - a pureza da água. 
Pouso sobre a palma da mão meu rosto. O cansaço me abate, mas não posso parar agora. 
Não lhe parece óbvio que não existe amanhã? Não lhe é claro que o tempo é construído por nós mesmos? 
Não existem... Nem o tempo, nem o amanhã, nem o que me cansa. Vês agora? O plano é pra hoje, pra quando estiveres a ler essa linha, ou pra quando lembrares de que ainda não chegou ao fim. 
O sol surgirá em breve lá fora, e estaremos ambos adormecidos. Já lhe veio à mente o momento em que seu "boa noite" for uma despedida? Perdão, mas infinitamente melhor é poder ainda mudar! Fazer com que este exato momento seja o melhor. E quando dobrares essa folha pense e veja se não tenho razão. Não há tempo: nem para que o que já foi volte, nem para que o que virá venha. Cabe a ti apenas este minuto, nada mais. 

Um comentário:

Athos Aguiar disse...

Que lindooo! Copiou de onde?

XP hehehhe