segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

num universo paralelo eu morri na infância, com aquela bala soft de uva entalada na garganta
às vezes nem eu sei onde eu tô

domingo, 19 de fevereiro de 2017

música é refúgio pros sentimentos mais banais e
                                                                letais

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

o calor intenso faz com que cada pequena brisa seja um bom dia pro pedacinho de pele que o recebe. às vezes consigo ter plena consciência do meu corpo inteiro e das nuances que ele vive. é impossível ser completamente infeliz quando existe um centímetro quadrado de pele que está vivendo seu êxtase nesse mesmo instante. ao passo que hoje vai ser impossível de ser completamente feliz porque meu intestino não está satisfeito e o mesmo poderia ser dito do meu estômago e de partes da minha cabeça também. são raros os momentos de completude. é difícil ser um só ser.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

pedi

e vos será dado
fui na farmácia. tinha uma moça sendo atendida na frente e eu fiquei passando o olho pra prateleira de remédios de trás do balcão, já procurando o que queria. pulei da letra S um pouco mais pra frente, em busca do X. aí observo que além da categorização alfabética, também há a divisão por uso: GRIPE E RESFRIADO, VIDA SAUDÁVEL, DOR E CONFUSÃO. olhei de novo, era CONTUSÃO. uma pena, já ia levar mais coisa.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

verborragia

me acomete sempre em madrugadas. talvez em manhãs ou tardes quando já estou insone desde a noite anterior. a verdade é que me digo muitas verdades nessas horas. o problema é que sempre desagua numa ressaca. a gente frita os miolos quando pensa demais. eu to aqui botando pra fora nem um por centinho do enxame verbal que tá rolando inside. não é a toa que eu me distraio da vida nesses períodos. ou faço questão de. não dá pra aguentar viver comigo mesmo matraqueando. entendo quem não queira. mas a questão é que eu to nessa obrigação moral de conviver com a voz. que às vezes nem voz é. mas que martela de forma constante e insistente. sempre de madrugada, acho isso bem interessante. é como se eu acordasse na marcha mais lenta que dê pra imaginar e fosse acelerando ao longo do dia. e se não vou dormir na hora certa eu passo o retorno, pego a freeway, me grudo num rebite e vou até são paulo num fôlego só. é inconsequente apesar de eu ter total noção de que está acontecendo e do que vai se seguir. mas eu não consigo evitar. é uma viagem e tanto. com a carga leve, a janela bem aberta e o som torando.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

o restaurante era tradicional, do "gringo". a gente entra pela porta da frente e o lugar é uma mistura de casa antiga, labirinto e armazém. todos parecem aparentados, compartilham a cara do gringo pai. e então começam as luzes. flashes de luz amarela, como se alguém estivesse brincando com uma caneta neon capaz de tingir o ar. mas não escrevia nada. só riscava e apagava rapidamente. eu percebi que não era o único a ver. todos viam. ninguém falava nada. eles se divertiam com a nossa surpresa. flashes azuis, múltiplos e bem mais longos apareceram também. eu acompanhava tudo sem sequer piscar. surge um ponto de luz amarela, como se o pintor estivesse com a caneta pronta mas sem nenhum ideia. pela primeira vez a luz se sustenta por mais de um segundo. e vem vindo na minha direção. eu não estou mais surpreso nem ansioso, só espero a luz entrar peito adentro e é exatamente isso que ela faz.