quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mais nada

Tem uns poucos momentos na vida que trazem aquela sensação de saciedade.
A gente tem fome de tudo, cara. Comida, adrenalina, felicidade, paz, sexo, gargalhadas, abraço. E embora a cada momento que a gente supra a falta de algum desses, haja uma satisfação, não é total. É curta, é metade, não marca.

Pela lógica, não tem como suprir tudo ao mesmo tempo. Transar no show do U2, enquanto come o strogonoff da mãe e toma cerveja num domingo de sol, muitos amigos e futebol na TV com teu time ganhando.

Mas a putaquepariu com a lógica, que de exata a vida não tem nada.
Alguns momentos parecem que enchem cada buraquinho dentro da gente e dão aquela vontade de dizer: bah, não quero mais nada.

São raros, viu? Não dá pra ficar em quase-nirvana o tempo todo.
Mas, meu, são muito bons. Mesmo, mesmo.

Verdadinha

e só de te ver
eu penso em trocar
a minha tv num jeito de te levar
a qualquer lugar
que você queira
e ir onde o vento for

-
Último Romance
Los Hermanos

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Plágio baseado em sonhos reais

"O céu havia se fechado em questão de minutos. Tenho certeza que fora assim repentino pela surpresa e apreensão que os transeuntes estampavam no rosto, desviando a duras penas das folhas e da sujeira que o vento varria das ruas. Não fosse por isso, eu não saberia dizer, pois qualquer coisa anterior àquele instante era uma memória inconstante, como a de um sonho: ao menor esforço, ela escapava. Mas dadas as circustâncias em que me encontrava, explorar meu cérebro não parecia urgente. O único ímpeto era correr. Mesmo que eu não me recordasse do porquê. Mas logo pude entender.

As nuvens cinza-chumbo se iluminaram por um instante, e a isso seguiu-se um estampido forte. Suficientemente alto para sobrepôr-se ao furor das rajadas de vento e da chuva que agora caía intensamente. A quem não estivesse ali, poderia parecer uma seqüência lógica: o vento, o clarão no céu, um trovão de prenúncio e o temporal. Mas era uma coincidência infeliz, já que quem havia erguido os olhos do chão já corria a toda velocidade, numa mesma direção. Não coincidentemente, a mesma para qual eu já me encaminhava.

A direção era comum, mas era incerto um lugar seguro para se estar. Um avião de porte considerável aumentava vertiginosamente no céu e evidentemente colidiria com algum dos prédios próximos. Minhas pernas já ardiam de correr, quando um puxão para o lado interrompeu a maratona. Era uma rua sem saída, situada entre dois prédios, com alguns sacos de lixo e muito lixo fora deles. Eu ainda estava tonta de tudo que acontecia quando ouvi a explosão. Tudo que já era caótico tomou proporções hollywoodianas. As labaredas iam alto e contrastavam com a tormenta que persistia. Os gritos aumentaram consideravelmente, pois apesar do terror da calamidade iminente, o choque e a concentração da fuga deixou boa parte de quem estava nas redondezas calado. Ou talvez o meu choque e a minha concentração tenham me deixado momentaneamente surda, como em filmes de guerra.

Passados alguns segundos eu me dei por conta da mão que ainda segurava meu braço com firmeza. Ela me olhou como quem diz: "Tá tudo bem, bateu lá longe, tá vendo?". E eu continuava ali parada como quem não consegue dizer nada, mesmo que queira muito. Aquele monólogo de olhares, com os muito significativos dela e minhas não-respostas levou alguns minutos. E a mão dela continuava apertando meu antebraço com força. E pode parecer muito estranho (como se não bastasse tudo que já havia de estranho até o momento), mas se ela afrouxasse os dedos de mim não faria a menor diferença, eu continuaria ali. Estava me sentindo melhor com alguém que passava uma segurança de saber o que estava fazendo (ou o que tinha feito) quando me arrancou da multidão e me arrastou beco adentro, do que no meio de todo o resto que parecia entender tanto quanto eu do que estava acontecendo. E veja bem que eu tinha pouca certeza sequer de quem eu era e do que havia acontecido até o instante em que me encontrei correndo rua abaixo.

Pensar aquilo foi o suficiente, dentro da situação extrema, pra me fazer desabar. Eu não sabia muito o porquê comecei a chorar, mas era só o que me parecia coerente fazer. Eu não entendia nada do que estava se passando. E como se fosse também muito óbvio, assim que as lágrimas começaram a correr, ela me abraçou e disse o que já tinha dito com os olhos: "Tá tudo bem, passou". Eu só sabia onde estava, nada me dava certeza do que antecedia aquele instante, quanto mais do que estava por vir. E ela parecia saber de tudo, menos daquele momento. Enquanto o mundo desabava, ela permanecia calma, como se não estivesse presenciando tudo aquilo.

Acho que aquela certeza no meu total de incertezas bastou para que eu perdesse todo o resto de senso comum, bom senso ou juízo. Ainda sem grandes comunicações explícitas, fomos andando devagar e eu não questionei o rumo que tomávamos, apenas a segui. A segunda vez a trocarmos alguma palavra foi assim que ela fechou a porta da casa. "Fica à vontade", ela disse. Era afastada do bairro onde toda a catástrofe ocorreu e, mesmo distante de tudo aquilo, estar junto daquela desconhecida ainda me deixava confortável. E de instinto em instinto, eu acabara ali, numa sala de estar pouco iluminada, com móveis antigos, embora bem cuidados, e uma lareira que ela se dispôs a acender já que eu batia queixo de frio. Enquanto o fazia, ela tratou-se de se apresentar. Achei que já era sem tempo.

O fogo já aquecia a sala quando olhei para baixo e vi a pequena poça d'água que se criava ao meu redor. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ela me olhou, sorrindo: "O chão até que precisa de uma água, mas acho que não vai ser bom ficar com essa roupa molhada, não". Eu ri. Ela não somente resgatava pessoas, como lia pensamentos. E agora ia até algum outro cômodo. Supus que para buscar alguma coisa seca para eu vestir. Eu me aproximei da lareira para tirar a roupa que estava, de fato, ensopada. Fui largando o que eu despia por cima de um aparador que estava perto do fogo, para que secasse. Já eram minhas últimas peças de roupa quando notei que ela me olhava pelo espelho que ficava sobre o aparador. Devo ter transparecido o susto que tomei, pois ela teve pressa em se dirigir a mim: "Eu trouxe um pouco de conhaque.. Aquece". Me virei e apanhei o copo. Não desviávamos os olhos, era como naquelas brincadeiras de criança em que não se pode piscar. Como naquele primeiro momento, na rua. Mas dessa vez eu sabia que falava também. Tomei um gole do conhaque, fiz uma careta. Ela sorriu e fez menção de alcançar o copo de volta para si. Assim que sua mão fechou sobre a minha, eu puxei o copo mais pra perto. E ela, juntamente com o copo."

O final todo mundo sabe.
Mas nem todo mundo precisa ler.


PS: Tem gente que tem esse tipo de sonho, morri de inveja ;)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

tá. agora tá legal. até parece que tu leu isso aqui.
HAIEUHAIEUHAUIEHA

terça-feira, 4 de agosto de 2009

...

porra, velho.
do tipo que eu preciso muito que tu fale [e não importa muito o que.. mas me faz sentir segura, poxa], antes de eu não me aguentar e perguntar trocentas coisas.
e aí eu sou o tarso, né?
=/