sábado, 28 de novembro de 2015

eu olho no espelho e peço trégua: o que vê e quem é visto não se entendem desde não-sei-quando. só que chega. já cheguei naquela parte em que não faz sentido dar com a cabeça contra qualquer que seja a superfície - já sei que sinto: dor. já sei que o corpo um dia vai. jogo a toalha, levanto um lencinho branco. se a gente precisar conviver que seja em paz.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

é engraçado porque em nenhum dos meus momentos minha vida merece ser vivida assim mais ou menos, é tipo, o futuro do mundo está em minhas mãos ou gente, qq to fazendo aqui?

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

eu sei o potencial de cura quando falamos das nossas cicatrizes. esses dias tem sido especialmente terapêuticos pro coletivo de mulheres e outras pessoas afetadas diretamente pelo machismo em função desses relatos constantes. essa exposição dolorosa de retratos reais, sem retoque. confesso que me senti tão mal quando essa onda começou. "deu, eu já sei que o mundo é horrível." mas saber nunca é o suficiente. a gente tem que sentir junto. e às vezes relembrar a própria dor pra dar voz a outras cicatrizes mudas que ainda são escondidas por vergonha, medo, culpa. tanto (res)sentimento arranhando a garganta, sufocando nossa vida aos pouquinhos, arrastando nossos passos. é um cansaço crônico de milhares de anos de violência. não vai ser fácil de tratar, mas a gente tem que começar por algum lugar... eu vou pra minha primeira cicatriz. daquelas que a gente nem nota mais quando olha pro próprio corpo. quase um umbigo. eu tinha quatro anos. fui com a minha mãe na casa dos nossos vizinhos. a vizinha tinha um filho de oito anos e eu fui brincar com ele no quarto. tudo muito vago na minha memória, até chegar essa parte aqui: ele diz pra eu deitar de bruços na cama dele. ele se deita por cima, segura meus dois braços e pergunta se eu estou sentindo alguma coisa. eu peço pra ele sair, digo que vou gritar. ele diz que se eu fizer qualquer coisa, conta tudo pra minha mãe. eu nunca falei nada pra ela - até hoje. os silêncios precisam ser quebrados.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

será que
é?
se for
que seja então,
estar
e ser

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

#500

OCUPA
ocupa a rua, a escola
ocupa tua função no mundo
TEU PRÓPRIO CORPO
ocupa todo teu potencial
ocupa essa cabeça, essas mãos e as pernas
ocupa espaço físico, mental
emocional
na vida dos outros
ocupa o desocupado

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

uma oração por nós mais firmes

não é uma questão de escolha
a promoção do bem É
a tal 'luta' contra o mal

domingo, 15 de novembro de 2015

digam o que digam
ceticismo é a nossa pior doença

sábado, 14 de novembro de 2015

tô contigo, Lu. tomara que a gente se reencontre em breve!

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

quem grita morre
quem cala também
quem foge morre
quem fica também
quem pensa morre
quem segue também
morrem(os) todos
a diferença tá na vida
amém

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

o poeta não faz nada além de comentar as obviedades. com um vocabulário melhorzinho.

sábado, 7 de novembro de 2015

ser só

como é que pode
eu gostar tanto assim
da minha própria
companhia

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

eu quero (ser) alguém que (s/m)e aguente no pico dos insights
mas mais ainda
no hiato entre eles

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

...

a colisão de três universos
a porta pra próxima dimensão - a quinta? -
tá bem ali
na brincadeira de roda
e é por isso que temos duas mãos
e dois de quase tudo
pra poder viver em contato constante
com as linhas
que seguem em paralelo

cérebro, boca, coração e funnyparts
é só um de cada -
e eu ainda
tô pensando sobre o que isso
significa


(que é matemática demais pra minha filosofia)

domingo, 1 de novembro de 2015

a prosa

é gostoso transformar insight em poesia, mas às vezes o insight é tão pesado que te faz reler a poesia e ver que foi pura licença poética, que o que eu quis dizer foi outra coisa, mas até que ficou bonito assim. agora de volta ao que eu queria dizer: tempo e espaço são irrelevantes para o encontro de outros universos. a vida já é o convívio entre todas essas múltiplas realidades, regidas por diferentes forças. só porque não percebemos as dimensões superiores não quer dizer que não estejamos vivenciando todas as existentes a todo momento.
no fim do filme-vida
cai a ficha e
a gente entende
que o wormhole que dá acesso
a outros universos
não é tão grande
nem microscópico
como a gente pensa ser
é em tamanho real
cada um de nó:
um buraco negro
cada troca:
uma viagem no espaço-tempo
da primeira a décima
todas as dimensões são
aqui e agora