às vezes me dói falar só contigo, eu queria alguém que pudesse me ouvir voz, prece e olhares desviados, mas parece que não consigo chegar perto de ninguém sem que haja uma fuga, ou do outro ou minha mesmo, que o cu aperta quando as coisas podem dar certo tanto quanto quando elas podem dar errado. só não gosto desse cu relaxado, desses pêlos do corpo todos deitados, tranquilos. eu quero ver todos de pé, fazendo festa na polpinha da minha bunda e depois sentir o mesmo efeito quando roçar meus lábios entre as coxas, tuas, ou minhas ou as de outro alguém. quero muita coisa. tenho só chuva. e sol. e intempéries da vida. que secura.

João Carlos Ninguém,

o Pregador

hoje eu vou escrever só um pouquinho
que é pra não esquecer que eu estou aqui pra isso
pra botar no papel - mesmo que seja um papel de mentirinha

é aquele ditado né

quem não chora, não mama

microconto

uma narrativa curta:
meu fim - bem no meio - do teu começo

e no fim,

o que a gente queria mesmo
acaba ficando pra outro dia
ou encarnação

a gente faz o possível, o provável, o improvável, o não aconselhado e mais do que era pra fazer

100

limites

tem coisa do futuro que a gente lembra, de repente

é tipo viagem no tempo

ou dejavu

ou talvez seja tudo

a mesma coisa

amadurecer dói. é tipo esticar a alma pra nela caber mais coisa.

nem todo caco de vidro
é um acidente

movimento,
 burburinho,
 borbulhas,
afogamentos,
salvamentos,
sustos,

a voice. of a generation

nossa voz é linda
é rouca de tanto gritar
fazia birra na infância
cantava a alma na adolescência e protesta agora, ainda jovem
precocemente envelhecida de tanto cigarro e fumaça e falta de viver

mas a nossa voz é linda

mande nudes

mande nada
mande a alma lavada
mande um pensamento solto
ou só pense em mandar
mande cartas

mande, numa manhã de
chuva
mande

em tempos sinistros

a chave está na esquerda

ain't it funny

IT
MUST
BE THE ASS

eu tô com saudade

de algum sentimento que não sei qual é
porque se desperta num cheiro que agora não recordo
e que só vou lembrar quando sentir

férias de verdade

só na morte

materializar

(ao invés de somatizar)

corporificar meus desejos
encontrar as bordas do meu corpo
e da mente
tocando nas tuas
 bordas, mentes, cabelos, mãos e pés

te olhar pra me ver
te tocar pra me sentir
te abraçar pra achar um pouco de conforto

tem sempre uma criança aqui dentro
precisando de carinho
e brincadeiras
e limite

autosabotagy

ai, que derrota

eu não minto

mas eu aumento um pouco
pra ver se aumenta minha vontade
de me perdoar