sábado, 27 de maio de 2017

eu não te abandonei

eu só deixei de usar essa conta de e-mail. tô dando umas viradas na vida e resolvi escrever sobre elas num outro lugar. mas fiquei com saudade daqui em alguns momentos. só acho que talvez não precise mais falar contigo desse jeito, jack. não como quem está de fora. meu alterego masculino não é tua presença virtual, meu amigo. o plot twist dessa nossa história é que estive falando sozinho esse tempo todo. e agora eu vou contar nossas façanhas em outros espaços. e vai continuar sendo lindo.

yours truly,
Júlio Henrique

quarta-feira, 15 de março de 2017

tem dia que as pessoas parecem entrar em um acordo tácito de nos ignorar. quando o fenômeno persiste, a nossa própria existência deixa de ser uma certeza absoluta. dá vontade de passar a mão na frente da cara das pessoas como quem testa seu recém-adquirido poder de invisibilidade nos filmes. e dá medo de se descobrir invisível mesmo.

sábado, 11 de março de 2017

a lua tinindo de um lado, cheia - quase transbordando
e a tempestade que ainda não se ouve (mas se vê chegar nos relâmpagos do horizonte)
do outro

quarta-feira, 1 de março de 2017

closure

sometimes that's all we need

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

num universo paralelo eu morri na infância, com aquela bala soft de uva entalada na garganta
às vezes nem eu sei onde eu tô

domingo, 19 de fevereiro de 2017

música é refúgio pros sentimentos mais banais e
                                                                letais

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

o calor intenso faz com que cada pequena brisa seja um bom dia pro pedacinho de pele que o recebe. às vezes consigo ter plena consciência do meu corpo inteiro e das nuances que ele vive. é impossível ser completamente infeliz quando existe um centímetro quadrado de pele que está vivendo seu êxtase nesse mesmo instante. ao passo que hoje vai ser impossível de ser completamente feliz porque meu intestino não está satisfeito e o mesmo poderia ser dito do meu estômago e de partes da minha cabeça também. são raros os momentos de completude. é difícil ser um só ser.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

pedi

e vos será dado
fui na farmácia. tinha uma moça sendo atendida na frente e eu fiquei passando o olho pra prateleira de remédios de trás do balcão, já procurando o que queria. pulei da letra S um pouco mais pra frente, em busca do X. aí observo que além da categorização alfabética, também há a divisão por uso: GRIPE E RESFRIADO, VIDA SAUDÁVEL, DOR E CONFUSÃO. olhei de novo, era CONTUSÃO. uma pena, já ia levar mais coisa.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

verborragia

me acomete sempre em madrugadas. talvez em manhãs ou tardes quando já estou insone desde a noite anterior. a verdade é que me digo muitas verdades nessas horas. o problema é que sempre desagua numa ressaca. a gente frita os miolos quando pensa demais. eu to aqui botando pra fora nem um por centinho do enxame verbal que tá rolando inside. não é a toa que eu me distraio da vida nesses períodos. ou faço questão de. não dá pra aguentar viver comigo mesmo matraqueando. entendo quem não queira. mas a questão é que eu to nessa obrigação moral de conviver com a voz. que às vezes nem voz é. mas que martela de forma constante e insistente. sempre de madrugada, acho isso bem interessante. é como se eu acordasse na marcha mais lenta que dê pra imaginar e fosse acelerando ao longo do dia. e se não vou dormir na hora certa eu passo o retorno, pego a freeway, me grudo num rebite e vou até são paulo num fôlego só. é inconsequente apesar de eu ter total noção de que está acontecendo e do que vai se seguir. mas eu não consigo evitar. é uma viagem e tanto. com a carga leve, a janela bem aberta e o som torando.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

o restaurante era tradicional, do "gringo". a gente entra pela porta da frente e o lugar é uma mistura de casa antiga, labirinto e armazém. todos parecem aparentados, compartilham a cara do gringo pai. e então começam as luzes. flashes de luz amarela, como se alguém estivesse brincando com uma caneta neon capaz de tingir o ar. mas não escrevia nada. só riscava e apagava rapidamente. eu percebi que não era o único a ver. todos viam. ninguém falava nada. eles se divertiam com a nossa surpresa. flashes azuis, múltiplos e bem mais longos apareceram também. eu acompanhava tudo sem sequer piscar. surge um ponto de luz amarela, como se o pintor estivesse com a caneta pronta mas sem nenhum ideia. pela primeira vez a luz se sustenta por mais de um segundo. e vem vindo na minha direção. eu não estou mais surpreso nem ansioso, só espero a luz entrar peito adentro e é exatamente isso que ela faz.

domingo, 29 de janeiro de 2017

pelos bolsos e bolsas do quarto
encontrei quarenta e três reais e alguns centavos
(mas nenhuma ponta)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

mais letra

mais carta, cartão, recado no espelho, pixo, bilhete escondido
mais palavra, mais nexo
peidar é libertador, mas sem cautela a gente se caga

o facebook

tá lendo minha mente. me ofereceu uma aula virtual de tv writing com a shonda rhimes. quero ser a shonda quando crescer, mas me arrependi de ter clicado. agora o markito sabe do meu sonho e pode me perseguir através dos anúncios. mas foi tão mágico que eu não me aguentei. a gente não se aguenta. e eles sabem disso.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

não existe acaso

é tudo de caso
pensado.
até mesmo o caos

(que é o caso
embaralhado)

I can get (some)

satisfaction

domingo, 15 de janeiro de 2017

queria ser escritor mas não sei contar história. só sei elaborar perguntas e dar nenhuma resposta. brincar com palavras e frases feitas de modo a zombar do que elas diziam antes. queria falar de como o mundo gira e de como as pessoas são, mas consigo no máximo falar de como o céu está ou como sinto calor agora. não consigo imaginar um futuro sem que acabe sendo o futuro do pretérito. é ter uma âncora no presente mas ainda assim estar ausente. é tentar rimar sem conseguir e em seguida rimar sem querer. queria ser escritor, mas acabo sendo escrito.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

na ordem de acontecimento, meus ofícios na vida foram os seguintes: aos cinco anos filósofo, aos seis massagista, aos sete escritor, aos doze teólogo, aos treze cantor, aos dezoito professor de inglês, aos vinte e dois psicólogo, aos vinte e quatro psiquiatra, aos vinte e seis cozinheiro e vendedor.
ainda quero ter tempo de ser guia turístico, tradutor, ator, agricultor, pastor e pai.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

the impossible subject

the Penrose triangle of people
não quis ouvir sermão,
logo de mim!
pregador até no sobrenome

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

queria sair do mundo só pra parar de rodar por um instante
ficar suspenso no vácuo
olhando pra bolinha azul ensanguentada
tentando entender
pq diabos?

se o seu feminismo só pensa em bucetas é bucetismo então. bora dar um nome adequado

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

feliz ano novo

feliz relacionamentos novos
feliz fossas inéditas
feliz limite inesperadamente superado
feliz novo limite descoberto