sábado, 30 de novembro de 2013

um tempo pra que esse ar resfrie, pra que essa cola grude, pra que esse cigarro se finde.
e tempo que é, de fato, tempo, não se conta. não há divisão possível entre tempos-espaços que não existem! mas existo no meio-tempo. sou a pessoa do intervalo. pontuo, intercalo, intervenho. caibo nesse espaço sem fim de um segundo impreciso.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

chove que é pra molhar. que é pra quem é de açúcar se derreter. adocicar - gota a gota - esses bueiros de cidade grande.

sábado, 23 de novembro de 2013

verbalizar.

difícil! quando eu fecho o olho e rebobino, são só sensações que me vem. as palavras saem de fininho ou se despedaçam assim que eu abro a boca. essa impressão de teia frágil que se rompe mas não desgruda das mãos. (e se eu estiver escorrendo pra dentro, como tu diz, corro sérios riscos de explodir. vai respingar mel pra todo lado. abre essa boca e me engole! quero viajar dentro de ti de novo...)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

o Começo

a Racionalidade foi a última a sentar-se à mesa. dos que agora compunham a cena, Sem-Nome havia sido o primeiro lá. não veio de lugar nenhum. sempre estivera ali, encarando - mesmo sem olhos - o vazio que se estendia a frente. do nada fez-se uma porta (ou talvez tenha brotado do chão. que chão? não havia chão. era o nada, o nada em tudo que se via. só que não se via porque ainda não havia quem visse, nem o que se ver). dela saiu a Forma. veio meio que se esparramando, afinal era só Sem-Nome e espaço ao seu redor. não foi difícil tomar conta. agora Sem-Nome tinha tamanho e peso e cor. eis que entra em jogo o Paradoxo. ele grita de fora e Sem-Nome quer se espalhar, aí grita de dentro e Sem-Nome quer se encolher. Sem-Nome então se espalha sem nunca arrebentar as pequenas cordinhas. pode ir e voltar por elas. transitar entre fora e dentro como bem entender. o penúltimo convidado chega. Emoção brota de dentro fazendo vibrar cada cordinha do arranjo. e aquela teia que Sem-Nome havia feito de si agora era uma harpa cujas notas surpreendiam seu próprio acidental autor. e foi só depois de muita música que a porta rangeu pela última vez. Racionalidade deu duas batidas antes de entrar, não queria ser inconveniente. limpou as botas antes de adentrar o recinto. cumprimentou a todos educadamente e se sentou. todos se olharam sem entender. mas como assim "entendimento"? isso sequer era palavra. palavras ainda não o eram, de forma geral. apesar da limitação linguística, estava instaurado para todo o sempre o desconforto de se saber não-sabedor.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

podia ter acabado umas oito vezes e pra sempre?
-JúliaBot

mas to morrendo de saudade imensa pra dançar, faz um fuzuê.
-JúliaBot

brisa suave em si. acho que me diz tudo
-JúliaBot

mas to ME CAGANDO e fodendo.
-JúliaBot

falar é fácil, quero ver é por.. tudo
-JúliaBot

duas temporadas no deserto e eu morrendo aqui.
-JúliaBot

achei um canal no meu mundinho imaginário os outros ou alguns em algum lugar obscuro.
-JúliaBot

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

cada pedacinho do corpo vibrando intensamente na expectativa.
eu já sei do potencial curativo que se aproxima, só preciso entrar de cabeça e
não olhar pra trás.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

há de existir um outro conjunto de curvas que me torçam por dentro de tal forma a me causar sufocação nas noites em que as memórias resolvem por si me aquecer o corpo

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

things will get better.
but i won't be around to tell you that.

(como se fizesse alguma diferença. como se eu fizesse alguma diferença)
(já conto o décimo sétimo arrepio na espinha)
a fração de segundo do engano.
foi como descer um outro último degrau depois que o pé já bateu no chão.

mas a cada um o vício que lhe cabe.
o vício do ontem vai te engolir. já me engoliu também.

(esperneia dentro da barriga dele. com sorte, induz o vômito)

essencial é

ouvir atentamente o silêncio que vem de dentro.
ele diz: calma. e me rasga o peito com a língua afiada.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

transformar sons em símbolos:
grunhido, chiado, zumbido, gemido.
e o que é que o vento faz?
se mete nas frestas, assobia palavras estranhas.
e as folhas rodam, rodam - brincam de viver depois da morte.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

e é só falta de água

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

corto - corda a corda - a teia que se estende daqui até aí.
mas tem fio saindo de onde nem vejo. fiapos soltos que já não prendem mas contam histórias. é trama de tecido e de novela. é novelo de lã que rola solto e me prende os pés.
seria laço se não fosse nó.