sexta-feira, 27 de junho de 2014

machado de assis que disse

"Deixei-o nessa reticência, e fui descalçar as botas, que estavam apertadas. Uma vez aliviado, respirei à larga, e deitei-me a fio comprido, enquanto os pés, e todo eu atrás deles, entrávamos numa relativa bem-aventurança. Então considerei que as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar. Mortifica os pés, desgraçado, desmortifica-os depois, e aí tens a felicidade barata, ao sabor dos sapateiros e de Epicuro. Enquanto esta idéa me trabalhava no famoso trapézio, lançava eu os olhos para a Tijuca, e via a aleijadinha perder-se no horizonte do pretérito, e sentia que o meu coração não tardaria também a descalçar as suas botas. E descalçou-as o lascivo. Quatro ou cinco dias depois, saboreava esse rápido, inefável e incoercível momento de gozo, que sucede a uma dor pungente, a uma preocupação, a um incômodo... Daqui inferi eu que a vida é o mais engenhoso dos fenômenos, porque só aguça a fome, com o fim de deparar a ocasião de comer, e não inventou os calos, senão porque eles aperfeiçoam a felicidade terrestre. Em verdade vos digo que toda a sabedoria humana não vale um par de botas curtas."
quem sabe a música tava certa
e a vida é não sonhar

quarta-feira, 25 de junho de 2014

não é uma questão de lógica.
é só uma questão de sensibilidade. e empatia.
não deveria ser tão difícil.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

dos dilemas diários

tô apaixonada por mim. uma pena que não seja recíproco

domingo, 22 de junho de 2014

perspectiva temporal

i remember the things that happened
but i can't recall who i used to be back then

sábado, 21 de junho de 2014

me alimento de fantasias diariamente. sequer levantaria da cama se não fosse por um punhado delas dançando cancan na minha frente. são várias e se multiplicam descontroladas, mas são frágeis. um feixe de realidade irradiado sem cuidado e ficamos com os frangalhos do figurino francês nas mãos e a sombra de frustração no rosto. e é por isso que a cama acaba tendo tamanho poder sobre mim: fechar os olhos é desligar a lanterna do real, colocar a vida no silencioso e aproveitar o show.