terça-feira, 19 de outubro de 2010

#144

eu estava ali, entre o vidro estilhaçado e ela. mil pedaços por todo o chão da sala. a calma e diligência com que ela recolhia cada um deles me deixava pasma. como se ela enxergasse um remendo possível naquele pó cortante. não apenas possível: merecedor. merecedor da paciência, da gota de sangue que escorria polegar abaixo, da dor nas costas de passar horas debruçada. era uma esperança que eu já havia perdido e só recobrei por conta daquela cena.