quarta-feira, 29 de outubro de 2014

tem tempo
que
tem temporal
arrancando janela
e vento
assobiando nas frestas
e gota
açoitando telhado

(e dentro é estático e seco)

quantas
camadas
separam
conforto
e caos?

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

sou o são tomé da esperança eterna. é ver pra crer, mas tem que confirmar umas oito vezes. não conseguia respirar sem saber. saí pra comer alguma coisa e sossegar meu facho. não fui muito longe. pensei na hora: 22:35. corri em direção a parada de ônibus, peguei o primeiro a passar e já puxei a cordinha. a rodoviária já é na parada seguinte. chego no guichê, pergunto pela dupla dinâmica [que jamais passaria despercebida] e a moça informa que, sim, conseguiram pegar o-das-sete-e-meia. o coração, recém alojado na garganta, desceu de volta ao seu lugar de origem. decepção, alívio, saudade e um quarto sentimento que eu não consegui nomear na hora me abraçaram forte. pra não perder a viagem, jantei por lá mesmo. descobri que o quarto sentimento era fome. voltei pra casa me sentindo melhor já. mas ainda tenho uma primeira noite de quarto silencioso pra encarar. e pra todo lado que eu olho, um glitterzinho pisca pra mim.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

vê se pode

a borboleta saiu do estômago e veio farfalhar asas na garganta.
um nó que faz cócega.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

aos meus, aos teus, aos nossos assaltantes

no exercício doloroso da coerência
não guardarei rancor
(e nem o rosto de vocês dois)

seguirei fazendo meus trajetos a pé
distribuindo cigarros aos que me pedirem
e parando para dar oi aos amigos
que eventualmente encontrar

quantos celulares de segunda mão isso vai me custar?
i won't keep track.
i won't give a flying fuck.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

silêncio mental

como um espelho d'água interno

(e eu aqui tacando pedrinhas metafóricas nele)