terça-feira, 9 de março de 2010

Da angústia

Para exercitar sentimentos ruins enquanto os bons predominam :)


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De onde me encontro vejo uma mangueira carregada. Convidativa, como todas as mangueiras. E digo isso pois passei parte da minha infância pendurado em cima das que cresciam perto de casa. Lembro que eram um refúgio. Agora já não possuo refúgios. Foi-me extirpado, sem dó, o direito deles. Há quem encontre em locais físicos um descanso para a mente. Não posso sair daqui. Há quem prefira uma boa companhia com a qual se sinta confortável, independente de onde estejam. Estou sozinho. Conheço pessoas que se transportam da realidade através da literatura, do cinema, dum jogo qualquer. Não possuo livros, não tenho televisão, nem um baralho sequer. E, finalmente, os privilegiados que se bastam. Ostras-humanas que se aconchegam dentro de suas próprias cabeças e pensamentos. Sempre fui um desses. Mas me colocam limitado até disso. Medicamentos que te podam o raciocínio. Me vejo sentado do lado de fora de mim mesmo. Uma criança de castigo, olhando aflita pela janela, enquanto as outras riem e se divertem.

2 comentários:

Unknown disse...

Oi Júlia, hoje por acaso descobri o teu blog, primeiramente fiquei muito contente, pois adorei seus textos, sempre criativa e inusitada, como a Júlia que conheci, depois de vascular um pouco, fiquei aterrorizada, quando vi que você esquece a 2 anos e só agora tive conhecimento, a distância nos tornou meras conhecidas, percebi que não sei mais nada ao seu respeito, e isso é muito ruim.. Porém agora me tornarei leitora assídua, e de alguma forma estarás por perto.

Com muita admiração.
Bruna Rech Dagostim

R.B.H disse...

muito bom o texto