segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
domingo, 14 de dezembro de 2014
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
pra alguém que se analisa constantemente e obtem não apenas uma, mas múltiplas respostas, o silêncio interno tortura. uma cortina-neblina me separa de mim. e eu sinto que toda e qualquer palavra é um eco de si mesma numa quarta e distante repetição.
repetição
repetição
repetição
re
pe
ti
ção
até que perde o sentido (se é que já fez algum).
repetição
repetição
repetição
re
pe
ti
ção
até que perde o sentido (se é que já fez algum).
domingo, 23 de novembro de 2014
sábado, 22 de novembro de 2014
domingo, 16 de novembro de 2014
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
paris is burning
"I always had hopes of being a big star. But as you get older, you aim a little lower. Everybody wants to make an impression, some mark upon the world. Then you think, you've made a mark on the world if you just get through it, and a few people remember your name. Then you've left a mark. You don't have to bend the whole world. I think it's better to just enjoy it. Pay your dues, and just enjoy it. If you shoot a arrow and it goes real high, hooray for you."
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
sou o são tomé da esperança eterna. é ver pra crer, mas tem que confirmar umas oito vezes. não conseguia respirar sem saber. saí pra comer alguma coisa e sossegar meu facho. não fui muito longe. pensei na hora: 22:35. corri em direção a parada de ônibus, peguei o primeiro a passar e já puxei a cordinha. a rodoviária já é na parada seguinte. chego no guichê, pergunto pela dupla dinâmica [que jamais passaria despercebida] e a moça informa que, sim, conseguiram pegar o-das-sete-e-meia. o coração, recém alojado na garganta, desceu de volta ao seu lugar de origem. decepção, alívio, saudade e um quarto sentimento que eu não consegui nomear na hora me abraçaram forte. pra não perder a viagem, jantei por lá mesmo. descobri que o quarto sentimento era fome. voltei pra casa me sentindo melhor já. mas ainda tenho uma primeira noite de quarto silencioso pra encarar. e pra todo lado que eu olho, um glitterzinho pisca pra mim.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
aos meus, aos teus, aos nossos assaltantes
no exercício doloroso da coerência
não guardarei rancor
(e nem o rosto de vocês dois)
seguirei fazendo meus trajetos a pé
distribuindo cigarros aos que me pedirem
e parando para dar oi aos amigos
que eventualmente encontrar
quantos celulares de segunda mão isso vai me custar?
i won't keep track.
i won't give a flying fuck.
não guardarei rancor
(e nem o rosto de vocês dois)
seguirei fazendo meus trajetos a pé
distribuindo cigarros aos que me pedirem
e parando para dar oi aos amigos
que eventualmente encontrar
quantos celulares de segunda mão isso vai me custar?
i won't keep track.
i won't give a flying fuck.
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
terça-feira, 30 de setembro de 2014
*
exercitar essa paciência que eu não tenho
esperando por algo que não vem
(lá fora
a ausência é onipresente
e aqui dentro:
tudo)
esperando por algo que não vem
(lá fora
a ausência é onipresente
e aqui dentro:
tudo)
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
a minha road trip
(amrt)
é por essa estrada sinuosa
que se permite um atalho aqui
ou acolá
e
segue
segue
segue
(sem saber da curva seguinte)
(amrt)
tem mais parada pra almoço
e banheiro
do que tempo de estrada mesmo
(amrt)
já passou por tantos cantinhos
í m p a r e s
que vi das janelas em movimento
com os meus olhos inchados de sono
- e cat stevens tocando de fundo
(amrt)
ainda nem começou
é por essa estrada sinuosa
que se permite um atalho aqui
ou acolá
e
segue
segue
segue
(sem saber da curva seguinte)
(amrt)
tem mais parada pra almoço
e banheiro
do que tempo de estrada mesmo
(amrt)
já passou por tantos cantinhos
í m p a r e s
que vi das janelas em movimento
com os meus olhos inchados de sono
- e cat stevens tocando de fundo
(amrt)
ainda nem começou
domingo, 21 de setembro de 2014
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
domingo, 14 de setembro de 2014
sopro
esse mesmo vento
que empurra as grandes massas de ar de um lado pro outro
também parece levar pedaços meus pra longe
e a composição intrincada do meu corpo - aparentemente tão só(lido)
é só ar e(m) movimento incessante e milhões de partículas
que entram, dançam e saem
no olho do furacão
que empurra as grandes massas de ar de um lado pro outro
também parece levar pedaços meus pra longe
e a composição intrincada do meu corpo - aparentemente tão só(lido)
é só ar e(m) movimento incessante e milhões de partículas
que entram, dançam e saem
no olho do furacão
domingo, 7 de setembro de 2014
metáforas gramaticais
sou uma pessoa tipo alface.
a ~regra~ diz que é "a" alface, mas há quem chame de "o" alface.
(e eu só acho que, independente do artigo, tem que comer antes que murche)
a ~regra~ diz que é "a" alface, mas há quem chame de "o" alface.
(e eu só acho que, independente do artigo, tem que comer antes que murche)
terça-feira, 26 de agosto de 2014
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
nossa fantasia de carnaval
nfc
começou três meses antes
no frio de uma terceira cidade
sem as máscaras (mas com as penas)
nfc
era tão fantasiosa
que esqueceu que a quarta era de cinzas
e pintou
começou três meses antes
no frio de uma terceira cidade
sem as máscaras (mas com as penas)
nfc
era tão fantasiosa
que esqueceu que a quarta era de cinzas
e pintou
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
sábado, 12 de julho de 2014
sexta-feira, 11 de julho de 2014
segunda-feira, 7 de julho de 2014
sexta-feira, 4 de julho de 2014
século errado, corpo errado
peço uma dose cavalar de teimosia
que é pra eu não querer me adaptar
a esse século
e um pouco de paciência
que é pra não querer deixar
esse corpo
que é pra eu não querer me adaptar
a esse século
e um pouco de paciência
que é pra não querer deixar
esse corpo
quinta-feira, 3 de julho de 2014
cinema da janela
os pingos frenéticos
sons-fantasma:
bipes inexistentes,
campainhas que anunciam ninguém
e passos sem pés que os dirijam.
o vento compõe a trilha
enquanto o única alma viva na platéia
se acomoda na poltrona e vai fechando o olho devagar
e o diálogo entre trovões já sendo parte do sonho
sons-fantasma:
bipes inexistentes,
campainhas que anunciam ninguém
e passos sem pés que os dirijam.
o vento compõe a trilha
enquanto o única alma viva na platéia
se acomoda na poltrona e vai fechando o olho devagar
e o diálogo entre trovões já sendo parte do sonho
quarta-feira, 2 de julho de 2014
terça-feira, 1 de julho de 2014
sexta-feira, 27 de junho de 2014
machado de assis que disse
"Deixei-o nessa reticência, e fui descalçar as botas, que estavam apertadas. Uma vez aliviado, respirei à larga, e deitei-me a fio comprido, enquanto os pés, e todo eu atrás deles, entrávamos numa relativa bem-aventurança. Então considerei que as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar. Mortifica os pés, desgraçado, desmortifica-os depois, e aí tens a felicidade barata, ao sabor dos sapateiros e de Epicuro. Enquanto esta idéa me trabalhava no famoso trapézio, lançava eu os olhos para a Tijuca, e via a aleijadinha perder-se no horizonte do pretérito, e sentia que o meu coração não tardaria também a descalçar as suas botas. E descalçou-as o lascivo. Quatro ou cinco dias depois, saboreava esse rápido, inefável e incoercível momento de gozo, que sucede a uma dor pungente, a uma preocupação, a um incômodo... Daqui inferi eu que a vida é o mais engenhoso dos fenômenos, porque só aguça a fome, com o fim de deparar a ocasião de comer, e não inventou os calos, senão porque eles aperfeiçoam a felicidade terrestre. Em verdade vos digo que toda a sabedoria humana não vale um par de botas curtas."
quarta-feira, 25 de junho de 2014
segunda-feira, 23 de junho de 2014
domingo, 22 de junho de 2014
perspectiva temporal
i remember the things that happened
but i can't recall who i used to be back then
but i can't recall who i used to be back then
sábado, 21 de junho de 2014
me alimento de fantasias diariamente. sequer levantaria da cama se não fosse por um punhado delas dançando cancan na minha frente. são várias e se multiplicam descontroladas, mas são frágeis. um feixe de realidade irradiado sem cuidado e ficamos com os frangalhos do figurino francês nas mãos e a sombra de frustração no rosto. e é por isso que a cama acaba tendo tamanho poder sobre mim: fechar os olhos é desligar a lanterna do real, colocar a vida no silencioso e aproveitar o show.
segunda-feira, 12 de maio de 2014
sinto a superfície de vidro com as mãos enquanto meus pés já viraram areia que é, lenta e constantemente, sugada pelo buraco central. balanço essa enorme ampulheta de um lado pro outro, na esperança de acelerar esse processo e te encontrar logo ali embaixo. meu corpo virado em confete para celebrar a tua chegada.
quinta-feira, 8 de maio de 2014
domingo, 27 de abril de 2014
sábado, 19 de abril de 2014
quinta-feira, 10 de abril de 2014
terça-feira, 8 de abril de 2014
sexta-feira, 28 de março de 2014
terça-feira, 25 de março de 2014
segunda-feira, 17 de março de 2014
quarta-feira, 12 de março de 2014
terça-feira, 11 de março de 2014
quinta-feira, 6 de março de 2014
the bright side of the (le)moon
se a vida só te deu limões
e se esqueceu do açúcar:
sorria e mostre suas gengivas
saudáveis e sem escorbuto,
escreva uma mensagem cifrada
com o sumo cítrico,
tempere o frango do almoço.
ou ainda: dê graças a deus pelo chá
quando o inverno chegar.
e se esqueceu do açúcar:
sorria e mostre suas gengivas
saudáveis e sem escorbuto,
escreva uma mensagem cifrada
com o sumo cítrico,
tempere o frango do almoço.
ou ainda: dê graças a deus pelo chá
quando o inverno chegar.
domingo, 2 de março de 2014
reflexo interno
marquei um encontro comigo
e estou me enrolando pra ir.
se eu não me conhecesse pensaria
'se atrasar é super normal'.
mas eu sei que, no fundinho,
estou mesmo é me evitando.
e estou me enrolando pra ir.
se eu não me conhecesse pensaria
'se atrasar é super normal'.
mas eu sei que, no fundinho,
estou mesmo é me evitando.
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
espelhos
eu,
que já não sou mais tão eu assim,
abro cada vez mais espaço
pros outros.
não todo outro,
mas - talvez ironicamente -
os outros nos quais vejo
um pouco de mim.
mudo. e me pareço cada vez mais
comigo.
que já não sou mais tão eu assim,
abro cada vez mais espaço
pros outros.
não todo outro,
mas - talvez ironicamente -
os outros nos quais vejo
um pouco de mim.
mudo. e me pareço cada vez mais
comigo.
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
domingo, 23 de fevereiro de 2014
delírio coletivo
o bloco salta
respinga de suor colorido a grama
reflete a luz do sol poente na pele
grita apesar da boca seca
e segue - sempre em frente
respinga de suor colorido a grama
reflete a luz do sol poente na pele
grita apesar da boca seca
e segue - sempre em frente
sábado, 22 de fevereiro de 2014
domingo, 16 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
Neruda
Soneto XI
Tengo hambre de tu boca, de tu voz, de tu pelo
y por las calles voy sin nutrirme, callado,
no me sostiene el pan, el alba me desquicia,
busco el sonido líquido de tus pies en el día.
Estoy hambriento de tu risa resbalada,
de tus manos color de furioso granero,
tengo hambre de la pálida piedra de tus uñas,
quiero comer tu piel como una intacta almendra.
Quiero comer el rayo quemado en tu hermosura,
la nariz soberana del arrogante rostro,
quiero comer la sombra fugaz de tus pestañas
y hambriento vengo y voy olfateando el crepúsculo
buscándote, buscando tu corazón caliente
como un puma en la soledad de Quitratúe.
Tengo hambre de tu boca, de tu voz, de tu pelo
y por las calles voy sin nutrirme, callado,
no me sostiene el pan, el alba me desquicia,
busco el sonido líquido de tus pies en el día.
Estoy hambriento de tu risa resbalada,
de tus manos color de furioso granero,
tengo hambre de la pálida piedra de tus uñas,
quiero comer tu piel como una intacta almendra.
Quiero comer el rayo quemado en tu hermosura,
la nariz soberana del arrogante rostro,
quiero comer la sombra fugaz de tus pestañas
y hambriento vengo y voy olfateando el crepúsculo
buscándote, buscando tu corazón caliente
como un puma en la soledad de Quitratúe.
sábado, 1 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
hyperventilating
é tanto, mas ao mesmo tempo é tão pouco.
matar minha vontade de ti contigo foi tentar matar a sede bebendo água do mar.
matar minha vontade de ti contigo foi tentar matar a sede bebendo água do mar.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
vinte e uma horas, trinta e oito minutos.
eu respiro fundo. fundão. seguro um pouco o ar lá dentro pra ver se faz diferença. expiro sem alívio: cada porção de vento que eu ponho pra dentro parece satisfazer menos.
(suspeito que troquei o oxigênio por ti.
corro o risco de sufocar se tu não chegar depressa!)
(suspeito que troquei o oxigênio por ti.
corro o risco de sufocar se tu não chegar depressa!)
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
"Seremos nossas"
li a frase e ao invés da enxurrada de palavras que usualmente invade meu cérebro, ele ficou quietinho. não era um silêncio de surpresa, sequer era o tempo necessário pra entender ou pra articular uma resposta: a frase foi curta, direta e veio com ponto final.
e o silêncio então?
veio pra não estragar o som da tua voz falando essas palavras.
quero só que o "seremos nossas" siga ecoando na minha mente em repouso pelo tempo que for possível.
li a frase e ao invés da enxurrada de palavras que usualmente invade meu cérebro, ele ficou quietinho. não era um silêncio de surpresa, sequer era o tempo necessário pra entender ou pra articular uma resposta: a frase foi curta, direta e veio com ponto final.
e o silêncio então?
veio pra não estragar o som da tua voz falando essas palavras.
quero só que o "seremos nossas" siga ecoando na minha mente em repouso pelo tempo que for possível.
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
"Nossa vida quotidiana é bombardeada de acasos, mais exatamente encontros fortuitos entre as pessoas e os acontecimentos, aquilo que chamamos de coincidências. Existe coincidência quando dois acontecimentos inesperados acontecem ao mesmo tempo, quando eles se encontram: Tomas aparece no restaurante no momento em que o rádio toca Beethoven. Na sua imensa maioria, essas coincidências passam completamente despercebidas. Se o açougueiro da esquina tivesse vindo sentar à mesa do restaurante em vez de Tomas, Tereza não teria notado que o rádio tocava Beethoven. (Se bem que o encontro de Beethoven com um açougueiro seja também uma curiosa coincidência.) Mas o amor nascente aguçou nela a percepção da beleza, e ela jamais esquecerá essa música. Toda vez que a ouvir, tudo que acontecer em torno dela, nesse momento, ficará impregnado com seu brilho."
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
"Aquele que deseja continuamente "elevar-se" deve esperar um dia pela vertigem. O que é a vertigem? O medo de cair? Mas por que sentimos vertigem num mirante cercado por uma balaustrada? A vertigem não é o medo de cair, é outra coisa. É a voz do vazio embaixo de nós, que nos atrai e nos envolve, é o desejo da queda do qual logo nos defendemos aterrorizados."
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