das retrospectivas

são praticamente sempre as mesmas: foi bom, foi ruim, foi lindo, foi feio, foi muita coisa - um ano é tempo suficiente pra se fazer/desfazer tudo. ao fim dos balanços, a eterna conclusão: aprendi tanto que só posso dizer que valeu a pena.
e inevitável depois de olhar pra trás é lançar um olhar furtivo pro futuro. e mais do que expectativas, abrir espaço pras infinitas possibilidades que se desenham ao longe (ou logo ali). uma tontura breve só de pensar em tudo que vem por aí. vemnimim, 2013!

uma linha

logo ali
uma linha tênue se estende
separando realidade do que ainda não se viu
e verdade do que ainda pode vir a ser

pego a linha com cuidado
levanto-a e admiro seu brilho opaco
enrolo em ambos os indicadores
e a faço de fio dental

quem precisa, afinal, de uma linha que defina esses conceitos?
preciso mais de algo que me tire a carne entre os dentes

mais tempo

tic era só o que tac eu precisava.
esse relógio tic orgânico que me tac contém é cruel.

tic me abre a tac cabeça, 

mas a cada tic que tac eu me sinto mais longe

de realmente tic saber alguma tac coisa.

o que é vida?

"could have been a sailor
could have been a cook
a real live lover
could have been a book
i could have been a signpost
could have been a clock
as simple as a kettle
steady as a rock

i could be
here and now
i would be
i should be
but how?
i could have been
one of these things first"

reza a lenda

que se os olhos não vêem, o coração não sente.
we'll see about that.

"Mas... como dizia Nelson Rodrigues, sádico mesmo é aquele que não bate no masoquista."

sobre ideologias políticas

enquanto uns puxarem pra esquerda e outros pra direita,
ninguém vai pra frente.

é tanta água

(e eu pensei baixinho: 'que um dia um raio nos parta!')

reciclagem

uma caixa de papelão a menos no mundo.

enfiar a cara no travesseiro
para depois ver
o santo sudário
de fluidos

derretimentos

a gota
que escorre
da nuca
cola
o tecido
nas costas

about reality

if it is imaginable:
it has happened, it is happening or it will happen eventually.

timing

is everything.

blablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablabla nada. mesmo.

a azia faz parte do pacote.

home is not somewhere but someone.

esqueci das palavras e de como funcionam. sobraram algumas poucas que guardo para os casos de emergência: fogo, banheiro, 'leva tudo, só não me machuca'. o burburinho infernal dentro da cabeça se encerrou. não tenho como pensar sem palavras. agora sons e cores se mesclam na tentativa de elaborar meus pensamentos. e essa manhã é uma explosão de roxo escuro, ainda que seja possível vislumbrar um fundo azul claro, silencioso e pálido. e mesmo nos dias pretos ou vermelho-sangue, consigo ver o azul bebê ao longe, com menos ou mais destaque - mas sempre lá.

a vertiginosa passagem de tudo a nada.
acho que nunca vou conseguir acompanhar a velocidade dessa transição.


a náusea que me causa só essa ideia, cada vez mais palpável, do vazio.

nó

é
nós
nos
outros

essa hora da manhã

é tão bonita e tão trágica.

"se dermos um martelo a uma criança, várias coisas ao seu redor passam a ser pregos"

as letras pequenas que eu nunca leio

o cheiro de podre veio de dentro do potinho. estava aberto em cima do balcão da cozinha e algumas moscas zuniam na volta. o rótulo ainda legível: 'esperança'. e em letras miúdas, logo abaixo: após aberto, conservar em geladeira.

frustração define

mas eu achei que...

não.

que cookie não é mágico,

não é
mesmo?

i wish i was somewhere else.

good mourning

am i awake?

é tipo uma coceira. no momento em que tu sente ela e ignora, ela se intensifica. ou se espalha. all of a sudden, o corpo inteiro coça pelo simples fato de que tu não pode coçar aquele pontinho específico.

Era uma vez o homem-paisagem.

Onde quer que ele fosse, ninguém nunca o via.

(to be continued)

"I find it kinda funny,
I find it kinda sad,
the dreams in which I'm dying
are the best I've ever had."

as luzes exacerbadas formam grandes círculos que embaçam minha vista à noite.
adoro essa sensação de cegueira colorida.

i am/feel sick.

feriado

cinza.
de cinzas.

e acho que metade do meu cérebro entrou em conflito com o resto (e eu entendo, sabe) e quer simplesmente sair pelo lado da minha cabeça.
*
foi tipo aquele dia que eu estava no ônibus - distraída, sacolejando - quando vejo uma caixinha de papelão amassada no canteiro da rua. jeito de embalagem de remédio e o seguinte nome: DEJAVU. aparentemente tomaram a caixa inteira (tomei?).
*
é possível que as primeiras 6 horas de sono sejam só um ensaio. essas 3 horas finais é que vão dar jeito em tudo...

idealismo

"nem tanto o céu, nem tanto a terra"

estaria a resposta na linha do horizonte?

it's complicated

it's always been.

withdrawal

time will do it.

I like the bed I'm sleeping in 
It's just like me, it's broken in 
It's not old - just older 
Like a favorite pair of torn blue jeans 
This skin I'm in it's alright with me 
It's not old - just older 

soy como el agua del rio
y por el camino me dejo llevar

pouca luz e tu mal consegue ver.

luz demais e tu fica cego.

leve

leve, leve.
leve tudo que puder.

tell me

how it feels to be the one who turns the knife inside of me?

águas rasas

não chegam sequer ao meu joelho.

ainda assim, não consigo ver meus pés.

meu sangue

é vermelho demais. tem pressa demais. é quente demais.

(mas que diabos, de que serve ter sangue morno nas veias?)

saves the day

hello me 
are you in there? 
making sure you're not dead
smelled some rotting flesh


i heard you left him alone 
suns up with open roads 
get down 
freak out 
the time is right now 


drop your things 
and burn your clothes 
why we're here 
no one knows 
watch the bombs explode 


he sold you a dream 
and carved you up like meat 
lay down 
the law 
locked your heart behind bars 


while you were sleeping he would whisper in your ear 


the monkey will bite 
better eat your poultry 
till' there's no use 
don't try to 
ask a doctor 
what's going on inside your head 
just fall out and get in line 
like all good soldiers do 


you i woke to his games 
running circles in your brain 
can't believe your eyes 


what's up? what is down? 
he spun you around 
what's near? what is far? 
god knows what you are 
can you remember when 
this began? 


the monkey will bite 
better eat your poultry 
till there's no use 
don't try to 
ask a doctor 
what's going on inside your head 
it's pretend 
it's no meaning 
just stare at the ceiling and play dead for your whole life

a sorte é que eu ainda enxergo a praia.

estações corporais

me tinjo de alguma cor quente pra ver se escapo desse frio.
ainda assim, tremo.
já minhas entranhas estão em pleno fevereiro escaldante.

kant

"pensamentos sem conteúdo são vazios; intuições sem conceitos são cegas"

achados

entre outros tantos papeis perdidos pelo quarto, encontrei esse poema, sem data e sem título:


"respiro na tua falta de fôlego.
me vejo no reflexo dos teus dois olhos acesos.
a busca incessante do concreto.
um gole, um pedaço,
talvez o pouco que fica pra trás.
um suspiro compassado:
alívio de notar-se são.
racional - quase."

e eu ainda tentando tirar leite de pedra.
é burrice, admito.

diálogos internos

- em dias cinzas, o sol tem que nascer de dentro.
- mas não é fácil parir uma bola de fogo!
- não mesmo. mas é o jeito.

onipresença

"um dia quero que venha um vento bem forte. e que ele vá soprando e me desmantelando aos poucos. e que vá um pedacinho pra cada canto - pra que não ocorra a ninguém a infeliz ideia de me juntar." (19.06)


desafiar as fronteiras que nosso corpo delimita. 
vibrar fora de si e se ver além. 
reconhecer-se no desconhecido.

tipo barquinho ao vento numa imensidão de água.

sucking rules: incoerência, trocadilho, safadeza ou baixa auto-estima?

os quatro.

as melhores noites de sono são manhãs.

o acaso se presta a cada uma.

estou só.
e vocês, criações minhas, podem espernear à vontade, dizendo o contrário.
seus gritos estão circunscritos a minha cabeça.

- desobedeça!
- não.

mitos que matam. matos que mentem. mentes que vagam, assim, de repente.

tenho o rei na barriga

dar é fácil, quero ver é dividir.

i followed alice into wonderland

libertador.
era sangue, eu estava viva!

o instituído de braços firmes foi vencido no afeto. muito afeto.

tomei o caminho dos trilhos e uma defumação cantante expurgou meus males.

o chapeleiro reluzia na noite cravada de estrelas.
pintei o céu de van gogh. perdi a noção de onde eu acabava e, de repente, vi:
não havia fim. tampouco começo.

o que é? - apenas é.
chorei de pura felicidade.

e antes que eu me esqueça:
fome de fada é foda.

(deu vontade de ficar por lá)

e a gente vai morrendo,
one breath at a time.

quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?

esse paradoxo sempre me fascinou. só entendi que ele não é paradoxal hoje.

nenhum dos dois veio primeiro. a existência de um depende da existência do outro, portanto ou ambos 'vieram' ou nenhum. o tempo aqui é que nos limita a visão. 

preciso escrever mais sobre isso. com mais tempo. hehe.

há quem passe a vida tentando fazer chover. ou tentando prever a chuva.
há quem simplesmente se molha quando chove.

tudo bem ser assim.
eu só preciso descongelar dessa posição fetal em algum momento.

do you know how to recognize a desperate soul?

um dia passa. tudo passa. tudo passou. não tem mais nada aqui. então porque tu não vai embora? vai embora!

talvez quem deva ir embora sou eu. porque estou parada aqui ainda?

(all magic comes with a price)

"love has killed more than any disease"

só que isso deixou de ser amor faz tempo.

não tem abstinência pior que a de esperança.

não tem liberdade maior que a de ser um desesperançado.

parto normal

é como se um feto estivesse se espreguiçando dentro da minha cabeça. 

dói. mas nasce uma ideia.

talvez amanhã eu nasça junto com ela.

quem não sou eu?

cada cigarro que eu não fumo é alguma merda que eu escrevo. e seria bom eu ficar quietinha um pouco. não aguento mais me ouvir.

essa vontade de explodir. sempre pensei que fosse menos produtiva.

a única coisa que a gente possue de verdade é o nosso próprio corpo. e sem nem piscar, a gente vende ele o tempo inteiro.

minhas mãos estavam fracas e, pela primeira vez em muito tempo, não senti nada dentro do peito.

essa é sempre a parte mais difícil

do que realmente importa

"The most beautiful experience we can have is the mysterious. It is the fundamental emotion that stands at the cradle of true art and true science. Whoever does not know it and can no longer wonder, no longer marvel, is as good as dead, and his eyes are dimmed. It was the experience of mystery -- even if mixed with fear -- that engendered religion. A knowledge of the existence of something we cannot penetrate, our perceptions of the profoundest reason and the most radiant beauty, which only in their most primitive forms are accessible to our minds: it is this knowledge and this emotion that constitute true religiosity. In this sense, and only this sense, I am a deeply religious man... I am satisfied with the mystery of life's eternity and with a knowledge, a sense, of the marvelous structure of existence -- as well as the humble attempt to understand even a tiny portion of the Reason that manifests itself in nature." Einstein

aprendemos a questionar e a conhecer com a mente. e conforme passamos a entender melhor o corpo em que ela reside, decidimos que esse era prioritário, senão o único que precisa de cuidado. e agora estamos reféns dele. 

me encontro na intrincada negociação desse resgate.

custa, mas as fichas caem - uma a uma.

não ter pressa de aprender pode paradoxalmente acelerar a aprendizagem.

i'm the princess, the dragon and the knight in shining armor as well.

eu gostaria de ser criança de novo, criar uma fantasia e acreditar cegamente nela, nem que fosse por esse instante e só. uma história qualquer, num tempo exótico e desafiador. onde eu tenha preocupações maiores do que simplesmente conseguir me encarar no espelho por um tempo.

reflexos são tristes por natureza. são cópias sem autonomia. reflexos de gente triste, nem tanto. parecem até um pouco satisfeitos em só precisar ser aquilo uma vez por dia, bem rapidinho, já de saída.

i struggle with the pain, but i also look for it.

there are no accidents. there is no alibi. i've spent the week agonizing for doing the exact opposite of what i've told myself, patiently and so many times, to do. it feels good. and the better it feels when it's done, the worse it feels the next day. the guilt.. it's there. i know it. yet i don't feel it. it's like a taboo inside my own mind. i'm afraid if i ever really feel it, i'll go crazy within a minute.